Agitado e abandonado. Foi a sina de Tonecas Fidalgo, candidato derrotado nas eleições da AFCM-Associação de Futebol da Cidade de Maputo, havidas esta terça-feira, 10 de Dezembro. Votado por apenas quatro clubes, de um colégio de 20, num processo em que ele próprio fragilizou a sua candidatura.
No início do processo, Tonecas Fidalgo circulava pela ruas da capital do País soltando pelos ares um cheiroso perfume de candidato único. E assim seria, até ao anúncio da desistência de Amílcar Jussub da corrida para a presidência da FMF.
Confrontado com a nova realidade, viu-se obrigado a converter a tranquilidade inicial em uma base de apoio. Confiou na hegemonia e no alegado poder de influência do seu Ferroviário de Maputo, por sinal o maior votante da capital, com direito a 320 votos.

A ela, Tonecas adicionou uma jogada de mestre, a de explorar, por exemplo, a vulnerabilidade de clubes como Águias Especiais que, não fosse a benevolência locomotiva, evidentemente estariam entregues à sua própria sorte.
Adiante e, para mobilizar os chamados “parentes pobres” do futebol da cidade, pegou no Estrela Vermelha de Maputo, no Matchedje de Maputo e no desamparado 1.º de Maio, alegadamente para criar uma espécie de núcleo duro da capital.
Aliás, foi com estes clubes que andou, durante a curta campanha, confiante na vitória, ignorando por vezes os sinais de perigo e/ou qualquer aviso à navegação .
Os três sapatos sujos de Tonecas
Quando Amílcar Jussub decidiu regressar à associação, por via do voto, a Tonecas Fidalgo aconselhou-se a desistência, até por pessoas ligadas à sua própria base de apoio. Sobretudo aquelas que, no princípio de tudo, o fizeram acreditar que era candidato único, a pessoa mais indicada para substituir Jussub.

Não quis. Pior do que isso, quis encontrar petróleo numa doca seca.
Confrontado com a nova realidade, desfavorável para os seus interesses, agiu de três maneiras pouco ortodoxas, que não só anunciaram algum medo de eleições por parte de Tonecas, como também adivinharam uma derrota – mas nunca por números químico-escandalosos.
(1) Quis impugnar a candidatura de Amílcar Jussub para que fosse, ele, candidato único. (2) Confundiu os clubes ao defender que a renúncia ao mandato era parente da figura da perda de mandato, o que de per si impossibilitaria a recandidatura do seu adversário.
Adiante, (3) face ao esclarecimento da Mesa da Assembleia-Geral sobre a diferença entre renúncia e perda, um dos seus apoiantes pediu aos presentes para que ignorassem qualquer norma jurídica e que se votasse pela manutenção ou não da candidatura de Amílcar. Tudo desenhado ao detalhe, sem portanto efeito algum.
Abandonado e humilhado!
Por fim, nem todos os que aparentemente apoiavam a candidatura de Tonecas votaram nele. Alguns nem se fizeram presentes no pleito, outros, como 1.º de Maio, acabaram votando na lista de Amílcar Jussub.
A Tonecas Fidalgo coube votos do Ferroviário de Maputo (320), Estrela Vermelha de Maputo (169), Matchedje (141) e Ferroviário de Mahotas (43), totalizando 673.

Amílcar Jussub venceu com os humilhantes 1741 votos válidos.
Mas há quem diga que em jogos democráticos as coisas funcionam assim mesmo….
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